Por mais que eu me
esforce, não consigo entender. O nosso Estado é um dos que mais arrecada no
Brasil. É dos que mais recebe retorno dos recursos que remete ao Governo
Federal e tem uma população tida como politizada e, com certeza, trabalhadora
e cumpridora de suas obrigações. Questiono: por que nosso rico Estado é o que
menos aplica recursos na área de educação e saúde? O mínimo que deveria ser
aplicado seria 25% e, por aqui, chega-se a 17,9% do orçamento aplicado em
educação, a cálculos bem espichados. A Constituição Federal determina que o
Estado deve aplicar no mínimo 12% na área da saúde, e nós, gaúchos, temos
recebido do Governo do Estado menos da metade, pois apenas 5% tem sido
aplicado nesta sensível área. Pergunto também: por qual motivo o RS tem os
piores salários pagos aos seus policiais militares e civis e os menores
recursos na área de segurança pública? Nossas polícias já vêm há alguns anos
com menos da metade do efetivo necessário, o que nos coloca na contramão do
crescimento populacional e dos índices de criminalidade que crescem a cada
ano. A quem interessa manter um povo com uma educação claudicante, uma saúde
à beira da morte e com a sensação de segurança frágil, o que resulta em
incerteza da garantia de seus direitos de cidadão? Não nos adiantam apenas
cartões de benefícios sociais ou eventos mirabolantes que sugam recursos
homéricos em detrimento do socorro a uma população que precisa de ensino de
qualidade, atendimento digno na hora da doença, ir e vir de suas casas na
certeza de estar seguro, além de um trabalho digno que lhe dê autonomia e
liberdade de poder escolher por quem será governado. A pão e circo, nossos
governantes vêm escravizando o povo, que não percebe que é possível e
necessário ser livre.Tenente Soares
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Publicado no Jornal "O Lourenciano" em 13 de junho de 2012.